quarta-feira, 20 de março de 2013

Nathalia e Erick: nossa história com Lucas


Por ter compartilhado de nossa história com Nina, diversas pessoas entraram em contato comigo (T. Zambelli). Todas elas estavam extremamente envolvidas com alguém diagnosticado com síndrome de Patau. A maioria foi mães. A história abaixo é um depoimento de Nathalia e Erick, por quem pude orar quando me contaram da situação que passavam com Lucas, ainda no ventre. 



Em 2012 fomos agraciados em poder gerar nosso Lucas Emanuel, um bebe tão amado, tão desejado e tão sonhado.

Com cinco meses de gestação vimos fizemos um exame com ultrassom (o exame morfológico) e descobrimos que Lucas tinha fenda labial e possivelmente palatal. Eu tinha artéria umbilical única.  Foi uma surpresa, um susto, repetimos o exame e o mesmo coisa foi detectado. Os médicos então decidiram “investigar” para ver se nada mais grava estava acontecendo. Depois de muito pensar, decidi me submeter a aminiocentese. Com muita espera, um mês de muita ansiedade, oração e otimismo, pois Lucas tinha tudo anatomicamente normal (coração, cérebro, sistema nervoso, todos os órgãos aparentemente normais), o resultado chegou: nosso filho era portador da síndrome de Patau.

Lembro-me bem deste dia: chorei, desabei, achei que não iria suportar. A medicina não nos dava esperança e os médicos eram frios. Sentir seu bebê mexer, cantar pra ele sem saber por quanto tempo estarão juntos, ou sem saber o que Deus estava reservando era cruel.

Um dia depois de sabermos o resultado, tínhamos que decidir o que iríamos fazer. Decidimos andar por fé e por amor ao nosso pequeno. Pintamos o quartinho, compramos suas roupinhas, fizemos chá de bebê e ensaio fotográfico. Curtimos a gravidez, cada dia do nosso príncipe na barriga. Somos muito felizes em ter tomado essa decisão. Nós, familiares e amigos próximos oramos MUITO, jejuamos, louvamos; sabíamos que Deus estava no controle de tudo. Nosso desejo era ver Lucas curado, surpreendendo a medicina, mais a nossa oração também era para que Deus fizesse aquilo que apraz Seu coração.

A espera foi longa e o Luquinhas chegou no dia 13 de fevereiro de 2013. Foi um parto cesariano; ele tinha 2.480kg e 44cm, extremamente lindo, maravilhoso, perfeito aos meus olhos, com fenda labiopalatal  e seis dedinhos. Tudo isso era pequeno comparado à beleza de tê-lo ao nosso lado. Nós víamos aquelas pequenas questões como charme, "rs". Ele era  cheio de dobrinhas gostosas de morder. Nosso filho foi encaminhado imediatamente à UTI. Nasceu cansado, com dificuldade para respirar. Deixamos claro que queríamos que fosse feito TUDO por ele. Nosso maior desejo era levar ele pra casa. De fato fizeram tudo que era humanamente possível, mas Deus levou nosso filhinho com 3 dias de vida. Não há palavras pra descrever esse momento. Eu não pude ver meu filho com nenhum roupinha, não pude realizar nossos planos e sonhos. Chorei sentindo sua falta. Eu não pude alimentá-lo e nem protegê-lo em meu braços, porém somos alegres porque nós o conhecemos fora da barriga. A casa está "vazia", mas nosso coração nunca estará. Foram três dias de muita emoção, eu chorava de amor toda vez que encostava nele. Ele era tão perfeito...  Perfeito demais pra viver aqui. Deus o quis para Ele; entendemos desta forma.

Quero deixar registrado aqui que somos felizes em ter gerado o Lucas. Eu, como mãe, me sinto especial por ser escolhida para gerar um bebe tão maravilhoso, puro, um anjinho. Continuo confiando em Deus e acreditando que Ele faz milagres. Lucas nos trouxe muitas alegrias, nos trouxe marcas inesquecíveis, nos mudou muito e mudou muitas pessoas. Recebemos muitos recados de pessoas que reavaliaram sua fé através dele. Não entendemos o porquê de tudo, mas sabemos que o ministério do Lucas, apesar de curto, foi maior do que de muitas pessoas que vivem cem anos. Não me arrependo nenhum minuto por ter levado a gravidez adiante. Ele é meu amor, meu bebê pra sempre, o mais especial! Agradeço a Deus por ser mãe dele. Ele foi e é muito amado por todos nós e hoje ele está completamente curado ao lado do nosso Jesus.

Não percam a fé! Deus pode tudo! E independente de tudo, nossa história foi feliz ao lado de Lucas!





"Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada." (Rm 8.18)

Obrigada Jesus.



segunda-feira, 18 de março de 2013

Cartas da História (Parte 16)

Parte 16
25/04/2012 - Preparados, mas desprepados
Esta cara já foi publicada em Nina Minha Filha. Abaixo os dois primeiros parágrafos, então, o link para o post original.


Como família Carreiro Zambelli, o mês de março de 2012 foi o mais singular de nossas vidas. Nina, nossa filha, foi a chave-mestra desta história. “Nascida” no dia 27 de fevereiro, ficou conosco até dia 26 de março, quando Deus decidiu levá-la para Si.

Com exatidão, somente Deus é quem sabe o tempo de cada homem e mulher que habita, habitou e habitará este lugar. Neste planeta somos todos como brinquedos de corda, com começo e fim, não somos imortais. Nina era como uma uma linda bailarina de uma rara caixinha de música, mas que tinha pouca corda. Nós sabíamos disso, mas não queríamos que a música nem a dança acabassem.

>> Continue a leitura no post original

quarta-feira, 13 de março de 2013

Cartas da História (Parte 15)

Parte 15
26/03/2012 - O Senhor nos deu, o Senhor levou

Queridos,

esta é uma breve nota para informá-los que nossa pequena Nina faleceu esta tarde, às 17:45hrs.
O velório acontecerá amanhã, no cemitério Flamboyant (Campinas-SP) a partir das 12:30hrs.

Estamos devidamente bem. Sabemos Quem está no controle.

sábado, 9 de março de 2013

Cartas da História (Parte 14)

Parte 14
11/03/2012 - Deus permite estarmos com Nina em casa

A esperança que se retarda deixa o coração doente, mas o anseio satisfeito é árvore de vida. (Provérbios 13.12 NVI)


Desde que descobrimos que nossa filha nasceria com algum problema de saúde (ela tem síndrome de Patau), sabíamos que se nossa esperança não estivesse baseada em Deus, então desmoronaríamos. Nesta cartinha, um resumo dos últimos acontecimentos e da escolha em esperar nEle.

Nina saiu da mamãe quando já tinha 37 semanas e 5 dias de vida. Isso aconteceu no dia 27 de fevereiro, às 8:00hrs, tendo ela 2.080kg e 43cm. Nós já sabíamos da escolha médica em levá-la à U.T.I. após o parto. Depois de aproximadamente 72hrs, ela foi liberada para a U.C.I. (Unidade de Cuidados Intermediários). Ali ela passou mais tempo, mas já podíamos segurá-la e até alimentá-la, mesmo que pela sonda nasogástrica. Por ela não ter apresentado nenhuma instabilidade desde que nasceu, os médicos acharam por bem nós “morarmos” com ela no hospital por três dias, para também aprendermos a lidar especialmente com a forma com que temos de alimentá-la. Desde o dia 09 de março ela se encontra em casa, conosco. Posso somar a este gostoso momento dizendo que sua chegada foi exatamente no dia em que o Enzo, nosso primogênito, fazia três anos de idade. Comemoramos a chegada de Nina em casa e a manutenção de Deus na vida do Enzo com todos os membros das famílias Zambelli e Carreiro.

Temos sido imensamente consolados, ajudados e incentivados por nossos amigos. São orações, empréstimos e doações, emails e telefonemas. Ouvimos muitas frases de carinho, que entendemos sempre como bem intecionadas. Algumas vezes recebemos recados de como nossa experiência tem sido motivo para pessoas repensarem seu relacionamento com o Criador; aleluia (expressão que significa “louvado seja Deus”). Por favor, continuem nos ajudando e compartilhando conosco suas vidas através desta experiência que é de todos que crescem com ela.

Como seres humanos, fracos por natureza, nunca teríamos escolhido passar por essa experiência, mesmo de antemão conhecendo os frutos que temos colhido desta árvore. Somos gratos Àquele que escolheu por nós, especialmente porque Ele sabia que poderíamos, absolutamente que não sós, atravessar este vale que tem um final ainda mais difícil do que atravessamos até aqui.

Nina está há 13 dias fora do ventre da mamãe. Façam as contas: estatisticamente ela tinha 90% de chance para o óbito intrauterino; 90% de chance para óbito na primeira semana de vida. Nina, desde que nasceu, nunca ligou para o fato de ser sindrômica. Ela chora para comer e trocar as fraldas; ela sorri, espirra e tosse; ela pede, do seu jeito, por carinho e gosta de um colinho. É uma alegria tê-la conosco e acredito profundamente que isso é recíproco.

Ao contrário do que alguns podem pensar, não foi o fato de termos nossa esperança fundamentada em Deus o motivo pelo qual Nina está viva. Esta foi uma decisão soberana do Senhor da vida e da morte, que de antemão nos provisionou conhecer nossa amada pequenina e saber de suas dificuldades ainda no ventre.Temos nosso anseio satisfeito porque não há frustração quando as expectativas estão no Senhor, que a todo tempo age.

Motivos de gratidão
  • Pela permissão de Deus para que pudéssemos estar junto de Nina;
  • Por cada pessoa que nos ajudou a estar valentes perante a inusitada situação;
  • Por reconhecermos que estamos crescendo com tudo isso.


Pedidos de oração
  • Para que saibamos lidar com sabedoria com as situações que ainda não surgiram;
  • Para que continuemos humildemente de pé.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Cartas da História (Parte 13)

Parte 13
27/02/2012 - Dia do nascimento de Nina

De manhã
Queridos,
estamos a caminho do hospital. Será que é hoje? Lá vem a Nina!

Nosso bondoso Deus está conosco.

De tarde
Queridos,

Nina nasceu muito bem, às 8hrs. Chegamos na maternidade mais ou menos às 4hrs. A bolsa estourou e a Karen foi para a sala de cirurgia. No entanto, apesar da boa dilatação, Nina não estava afim de sair. Então foi uma cesárea.

O pai aqui chorou mais do que as duas mulheres (Karen e Nina). Vergonha? Nada! Alegria pela chegada e reconhecimento pela constante mão do Senhor.

Nina agora está sob cuidados especiais. Karen descansa da cirurgia.

Obrigado a todos pelo constante carinho.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Cartas da História (Parte 11)

Parte 12
30/01/2012 - Orando por Nina, orando pelo Reino do Senhor Jesus

Queridos,
Como muitos de vocês já sabem, desde 01 de dezembro eu e minha família estamos em Campinas-SP. Quando esta data foi estabelecida, nada passava em nossa cabeça sobre ficar mais de um mês, tempo inicialmente planejado. Deixe-me lhes contar um pouquinho sobre isso.

Há cerca de um ano e meio, através de uma radiografia, foi visto algo estranho entre minha tíbia e fíbula (ossos da perna). Achamos que fosse um osteocondroma (tumor benigno ósseo), pois eu já havia tido um no mesmo lugar há 12 anos. Decidimos que eu faria a cirurgia em Campinas, em dezembro de 2011. Assim, marcamos em aproximadamente agosto/setembro de 2011 o dia de nossa aterrissagem para este fim. Daí vieram as notícias sobre Nina.

Na primeira fase, quando descobrimos que ela tinha lábio leporino e fenda palatal, conversamos com a liderança da IBCU, que nos sugeriu ficarmos um ano e meio para cuidarmos deste problema. Depois, ao descobrimos a síndrome, há menos de 10 dias de nossa aterrissagem, consideramos ficar seis meses a menos, ou seja, um ano completo. Pela misericórdia de Deus foi descoberto que eu não precisaria da cirurgia. Motivo: a imagem que se suspeitava não era um tumor benigno, mas um calo ósseo que cresceu de ambos os lados e se juntou, possivelmente decorrente da cirurgia, há 12 anos. Aleluia!

No final deste mês (janeiro), completará dois meses que já estamos em Campinas, com saudades da “terrinha”, mas também contentes por tanto amor, consolo e a gratidão pelo benefício de estar ao lado de nossos pais, preparando-nos para uma situação bastante complexa. Não sabemos precisar a qualidade de vida que Nina terá - mas seguramente faremos o possível para que seja a melhor. Ainda oramos para que Deus a cure e que a dê uma vida saudável, mas acima disso, que em todo o processo da decisão soberana de nosso Deus, Seu nome seja glorificado.

(...)

Eu e minha família somos muitíssimos gratos a cada um de vocês que tem orado e contribuído de outras formas para o ministérios que juntos desenvolvemos. Que o Senhor possa retribuir conforme sua justiça e graça.

Agradeça conosco
  • Por tanto carinho recebido. Não merecemos nada disso e louvamos a Deus por Sua bondosa mão acolhedora e provedora.

Peça conosco
  • Nina está na reta final. Que o Zambelli, Karen e Enzo estejam especialmente preparados para este dia.